Brasil tem posição geoestratégica para web mundial, diz fundador de Fórum de Segurança Cibernética
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Para o general francês Watin-Augouard, mudança de governo com eleição de Bolsonaro não deve afetar cooperação entre os dois países Diante de modelos algorítmicos cada vez mais sofisticados, capazes de capturar e estocar informações, a proteção de dados tornou-se uma preocupação essencial para os europeus. Os países do continente, além de serem alvo do terrorismo internacional, vêem com preocupação a onda conservadora que levou ao poder Donald Trump, nos Estados Unidos, e mais recentemente Bolsonaro. Em ambos os casos, a manipulação em massa de dados foi apontada como a principal razão de duas vitórias consideradas improváveis há alguns anos. Essas questões estão no centro dos debates que acontecerão na décima-segunda edição do Fórum Internacional da Segurança Cibernética, que acontece nesta terça (22) e quarta-feira (23) em Lille, no norte da França. A colaboração com outros países, como o Brasil, também é uma das temáticas do encontro, explicou em entrevista à RFI o general Watin-Augouard, fundador do Fórum. A meta é criar alternativas ao monopólio do mercado tecnológico criado pela China e Estados Unidos, que acabam beneficiando de mais acesso aos dados, a moeda do século 21. “Se a Europa não propuser uma terceira via, amanhã estaremos no meio dois polos fortes, que são os Estados Unidos e a China. Evitar esse cenario interessa o resto do mundo. E o resto do mundo talvez deva imaginar uma estratégia de independência ou pelo menos de mais soberania”, avalia o general francês. Os cabos submarinos transportam as fibras ótica que conectam a rede mundial e ilustram essa situação. Essa parafernália invisível é responsável por 99% do tráfico mundial de dados. A construção dos cabos teve grande investimento dos GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft), que patrocinaram uma grande parte da estrutura que liga os EUA à Europa. Neste contexto, observa Watin-Augouard, a posição do Brasil é geoestratégica. “O Brasil tem um papel importante. Quando olhamos o mapa dos cabos submarinos, notamos que vários deles saem do Brasil e vão para o continente africano. Trata-se de um circuito mais independente, “alternativo”, sem estar mais sistematicamente ligado ao circuito americano, construído no início da internet”, ressalta o general. Cooperação com Brasil sempre foi forte Para ele, apesar da preferência declarada de Bolsonaro pelos Estados Unidos, a França e o Brasil devem continuar sua política de cooperação. “O governo francês deve continuar a agir com o governo brasileiro, que para a França é um parceiro essencial. Somos vizinhos na Guiana francesa, e mesmo que não estejamos próximos nas metrópoles, temos essa proximidade ultramarina”, ressalta. “Os brasileiros fizeram sua escolha e a França vai continuar a agir como sempre fez com o Brasil, mantendo as relações diplomáticas, econômicas e culturais que sempre foram fortes entre os dois países. Não ha razão para que isso mude.” Aplicação do regulamento Europeu de Proteção de Dados é prioridade O Forum também se interessa à maneira como a Europa pode exercer mais liderança na proteção dos dados. Isso passa pelo respeito ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, adotada em maio de 2018, aplicada a indivíduos e empresas, que limita a coleta de informações. O recado é claro: se companhias estrangeiras quiserem continuar a fazer negócio com o continente, deverão, no mínimo, assegurar uma proteção adequada às informações que circulam na web, principalmente nas redes sociais, como prevê a diretiva. Existe também a preocupação em prevenir a manipulação em massa de dados que possam influenciar diretamente as democracias, como ocorreu na eleição de Trump, nos EUA, e de Bolsonaro, no Brasil. Sabe-se que, nos dois casos, Facebook e
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