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Uma Paris que não existe mais, com segredos e intimidades do sexo clandestino. Essas são as imagens da mostra “Histórias de Prostituição, Paris, 1976 a 1979”, da fotógrafa Jane Evelyn Atwood, em cartaz na Maison Doisneau, em Gentilly, sul de Paris.
A premiada fotógrafa americana, radicada há mais de 40 anos na capital francesa, exibe imagens de seus primeiros trabalhos, que marcaram época e viraram registros. São duas mostras em uma. A primeira traz prostitutas na rua, em bares, em suas camas. As fotos foram tiradas entre 1976 e 1977. “Rue des Lombards”, lançado em 1977, foi o primeiro dos 13 livros que Jane já publicou até hoje.
Já “Les Gens de Pigalle” (Gente de Pigalle) mostra o mundo das prostitutas transgêneros, na época um termo praticamente inexistente. O livro foi lançado no ano passado. Perguntei a Jane Evelyn Atwood porque esse segundo trabalho levou tanto tempo para ser lançado.
“Todos me perguntam isso. Quando fiz ‘Gente de Pigalle’, tinha acabado de publicar ‘Rue des Lombards’. Achei que não era tão bom quanto o primeiro. Então deixei de lado e fui fazer outras coisas. Acho que foi porque eu tinha uma relação muito forte com Blondine, de ‘Rue des Lombards”, era meu primeiro livro e isso tinha uma importância especial. As fotos eram lindas, de noite, misteriosas. Eu achava que ‘Gens de Pigalle’ não tinha a mesma força. Mas fiquei em contato com algumas trans, que sempre me incentivaram a publicar um livro”, explica.
“Voltei a Pigalle há uns cinco anos e vi que a região mudou muito. Os bares que frequentávamos não existem mais, viraram galerias ou butiques. Não vi mais trans nas ruas. Revi Miranda, que passou uns anos na Dinamarca e estava de volta a Paris, mas não trabalhava mais nas ruas, e sim pela internet. Levei fotos da época e perguntei pelas outras. ‘Todas mortas’, ela me disse. E foi me contando o que aconteceu com as que ela reconhecia. Então resolvi publicar um livro a respeito”.
Paris e fotografia
Jane Evelyn Atwood conta que Paris e a fotografia vieram por acaso em sua vida. Ela veio para passar um ano e, logo, se deu conta que queria ficar muito mais tempo na França. Alguns anos depois resolveu tentar a fotografia para trabalhar sua criatividade. Até então a única exposição que tinha visto na vida era de Diane Arbus, americana conhecida por seus retratos de pessoas excêntricas. “Vou copiar o estilo dela”, decidiu. E foi atrás de galerias, achando que ia encontrar figuras excêntricas. "Mas na verdade, só via gente chata. Até que alguém me apresentou uma prostituta e foi o início de 'Rue des Lombards'”, relata.
Em seguida, Jane Evelyn Atwood mergulhou em outros projetos: sobre crianças cegas, Haiti, minas de guerra no mundo, Legião Estrangeira. Um outro projeto importante foi sobre as penitenciárias femininas em vários países, “Tant de Peine” (Too Much Time, em inglês; Tanto Tempo, em tradução livre).
“Mulheres na prisão foi o maior projeto, o que tomou mais tempo – 10 anos. Também porque foi internacional, com prisões na Europa, Europa do Leste e Estados Unidos. Foram 40 penitenciárias e cadeias. O resultado foi um livro, ‘Tant de Peine’. As duas versões, em inglês e em francês, estão esgotadas. Infelizmente, desde a publicação do livro, no ano 2000, as condições de prisões só pioraram”, relata Jane Evelyn Atwood.
O trabalho de Jane Evelyn Atwood tem recebido importantes prêmios ao longo dos anos, além de exposições importantes, como em Arles, em 2018. Na Maison Doisneau, em Gentilly, a exposição “Histórias de Prostituição”, Paris, 1976 a 1979 fica em cartaz até 21 de abril.
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