Davos é teste para Bolsonaro causar alívio ou apreensão no exterior
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O presidente Jair Bolsonaro fará a sua estreia internacional no Fórum Econômico Mundial, o encontro anual dos maiores empresários do planeta, a partir de terça-feira (22). O evento pode ser o palco ideal para o presidente apresentar o seu projeto liberal para a economia do Brasil – à condição de que eventuais gafes não arranhem ainda mais a imagem do país. Antes mesmo de assumir, declarações e medidas de Bolsonaro já causaram incômodos com dois dos maiores parceiros comerciais brasileiros, a China (o principal parceiro) e os países árabes. Em Davos, ele estará acompanhado de uma grande comitiva, encabeçada pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Justiça, Sérgio Moro. Eles devem ajudar o presidente a transmitir ao mundo as linhas gerais dos rumos que pretende dar ao país.  “É, sim, um grande palco. Mas temo pela clareza e pela capacidade de expressar isso, pelo presidente da República. É um governo com muitas disparidades entre as suas partes. Temos uma ala econômica com um ideário claro, com a qual podemos concordar ou não. Mas o governo não é todo assim”, afirma o cientista político do Insper Carlos Alberto de Melo. “Temos uma ala ideológica nas Relações Exteriores e que não conversa muito bem com a outra área, que é mais pragmática. E quanto a Bolsonaro, ele vai se expor ou se proteger? E em se expondo, ele vai se sair bem ou vai complicar ainda mais o Brasil? Confesso que não tenho uma grande expectativa.” Ausência de Trump e Macron Dois dos maiores líderes mundiais, o americano Donald Trump e o francês Emmanuel Macron, cancelaram a presença no evento para se concentrar na política interna. Na ausência de figuras de maior destaque, Bolsonaro pode acabar no centro dos holofotes – o presidente brasileiro vai se expor pela primeira vez em um palanque internacional e representa uma ruptura em relação aos últimos 20 anos de poder em Brasília. Melo avalia que a nova orientação ideológica do Itamaraty coloca em risco acordos comerciais, ao se alinhar a americanos e seus aliados e assumir uma posição de confronto em relação a governos de esquerda. Mas Paulo Wrobel, professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, considera que, rapidamente, o governo Bolsonaro enfrentará os prejuízos de uma escolha tão delimitada. “A gente sempre tem de distinguir, em política externa, o que é a retórica e o que são as medidas efetivas, e principalmente os resultados. A retórica é livre, e a política externa se presta muito à retórica”, diz Wrobel. “Entre o que almeja o novo chanceler, o que a nova diplomacia brasileira almeja, e o que vai ser possível implementar efetivamente, provavelmente haverá uma grande distância.” Desdém pelo Mercosul A exemplo de Trump, Bolsonaro despreza as organizações multilaterais e diz privilegiar acordos bilaterais. Há a expectativa de que, em Davos, o brasileiro anuncie uma revisão do Mercosul – Bolsonaro não esconde o desprezo pelo mercado comum latino-americano. Nessa linha, lembra Wrobel, o Brasil assinou em dezembro de 2018 um acordo comercial bilateral com o Chile, que transcende o Mercosul. O professor da PUC-Rio observa que a própria Organização Mundial do Comércio começa a dar mais relevância aos acordos bilaterais. “Eu acho que é uma tendência do comércio internacional. Talvez estejamos dando um passo, uma certa volta para acordos bilaterais, depois da fase de alto regionalismo que perdurou nos últimos 30 anos, com grandes ambições, como a Rodada de Doha, que nunca se concluiu”, analisa. “Isso seria um certo esgotamento da globalização, como nós a conhecemos.” Última bolacha do pacote? Para Carlos Alberto de Melo, do Insper, a questão é saber se o Brasil terá capacidade de fechar tratados importantes. A União Europeia, qu
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