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A decisão da China de voltar a comprar 5 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos, anunciada na semana passada após mais uma rodada de negociação entre Pequim e Washington, não deve diminuir as oportunidades para o Brasil de aproveitar o apetite do mercado chinês a longo prazo. Isso porque as exportações americanas para o gigante asiático não devem ser retomadas nos mesmos níveis dos últimos anos, segundo especialistas em agronegócios que participaram do Paris Grain Day, encontro do setor ocorrido na capital francesa entre 31 de janeiro e 1° de fevereiro de 2019.
O presidente da Agritel (associação organizadora do evento), Michel Portier, acredita que a China não esquecerá facilmente as tarifas impostas pelos Estados Unidos à importação de bens chineses, em abril de 2018.
“Os chineses criaram o hábito de se abastecer no Brasil e acredito que eles vão se lembrar do que os Estados Unidos fizeram em termos de comércio internacional com a China e não esquecerão que o Brasil tem ainda um grande potencial de produção, à medida que a área para agricultura no Brasil não representa mais do que 7% da superfície total do pais e há ainda um grande potencial de produção”, diz. “A longo prazo, o Brasil será um parceiro confiável junto à China”, aposta Portier.
Consequências para o Brasil da guerra comercial China x EUA
Como consequência direta da batalha comercial entre os dois gigantes da economia mundial, os chineses, maiores consumidores mundiais de soja, passaram a comprar mais do mercado brasileiro. Desde julho do ano passado, 87% de toda a soja embarcada pelo Brasil foi para a China.
Como Pequim revidou às práticas tarifárias de Donald Trump, impondo aos americanos uma taxa de 25% sobre as sementes oleaginosas dos Estados Unidos, em julho passado, as exportações brasileiras do grão aumentaram 30%, chegando a 70 milhões de toneladas em 2018. No mesmo período, apenas 16 milhões de toneladas de soja dos EUA chegaram aos portos chineses, duas vezes menos do que em 2017.
O fato é que atualmente há uma sobra muito elevada de soja no mundo, algo em torno de 110 milhões de toneladas. Desse total, 25 milhões estão nos Estados Unidos, onde o excesso de grãos não passava, em média, de 10 milhões de toneladas.
Esses números revelam outra variável importante da questão agrícola. Com mais soja disponível no mercado mundial, os preços caem.
“A nossa referência é a bolsa de Chicago nos Estados Unidos e lá, devido a essa situação, tem muito grão estocado e a bolsa não reage”, explica Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja.
“Essa guerra comercial não é interessante. As vezes no imediatismo se acha que o Brasil vai exportar muito, mas o Brasil não tem grãos para suprir a demanda mundial toda e a Argentina muito menos. Então isso precisa voltar ao normal para trabalharmos da forma que vínhamos fazendo, com a oferta e a demanda, com esse grão sem tarifação e retenções que tiram direto a competitividade do produtor”, afirma Pereira.
Já o consultor internacional de commodities, Pedro H. Dejneka, lembra que foi justamente o aumento da demanda que permitiu o crescimento da produção e das exportações brasileiras. E que olhar apenas para o preço seria uma visão limitada do problema.
“Na minha opinião, essa é uma visão míope se a gente olhar só desse lado”, diz o analista. Para ele, o Brasil tem muito mais a ganhar do que perder com as rusgas entre americanos e chineses.
“É real que a guerra comercial está realmente colocando uma tampa nos preços em Chicago. Porém, quando olhamos só para isso esquecemos que o Brasil saiu, há dois anos, de uma exportação de 60 milhões de toneladas para 86,5 milhões no ano passado, os prêmios no Brasil foram parar nas alturas, a moeda no Bras
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