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Até pouco tempo atrás, os mundos digital e agrícola eram dois universos opostos, mas hoje esse cenário se inverteu. A explosão de startups que prometem soluções inovadoras, ecológicas e mais baratas para os produtores fez com que os agricultores estejam entre os profissionais mais conectados à internet durante uma jornada de trabalho.
Uma pesquisa do instituto BVA, publicada na véspera do Salão da Agricultura de Paris – o maior evento do setor na Europa – indicou que 67% dos produtores rurais utilizam pelo menos uma ferramenta digital no cotidiano, como drones, câmeras ou uma estação meteorológica conectada.
Quanto maior a propriedade, maior a dependência da tecnologia para otimizar a produção. Os pequenos produtores ainda oferecem resistência ao mundo digital – mas até eles acabam se rendendo a aplicativos que facilitam as tarefas diárias, como a gestão da produção, a compra de insumos ou o acompanhamento dos preços das matérias-primas.
O Salão da Agricultura, aberto no último sábado (23), é uma ocasião valiosa pra as novas startups se apresentarem diretamente a esse público. Karine Cailleuaux, diretora de comunicação da Ferme Digitale, uma associação que reúne 35 empresas francesas de tecnologia digital agrícola, afirma que a inovação revigorou o interesse dos jovens pelo ramo.
“A procura por ciências agrícolas nas universidades cresceu, e acho que foi graças à inovação e às tecnologias aplicadas à agricultura. Novos cursos estão sendo criados e acho que, em vez de destruir empregos, como se temia, estamos vendo a tecnologia criar novos postos”, explica.
Aplicativos de dados florescem
A França é o segundo maior mercado mundial do setor, atrás apenas dos Estados Unidos. A plataforma Ekilibre, por exemplo, foi idealizada por um agricultor, filho de agricultores, e um desenvolvedor em informática. O programa concentra dados de vários outros aplicativos, da gestão do estoques e equipamentos até a contabilidade.
“Os dados recolhidos pelo drone aparecem no celular, no aplicativo especifico do aparelho. O robô que ajuda a retirar as ervas daninhas também tem um aplicativo próprio, e assim por diante. O nosso programa integra todos os diferentes dados recolhidos por outras plataformas”, indica Cailleuaux. “Em vez de administrar 50 ferramentas diferentes, o agricultor encontra o conjunto dos dados em uma única interface, o que lhe permite ter uma visão global sobre o que está acontecendo na sua propriedade, e então tomar as melhores decisões, nos melhores momentos.”
Já o Agriconomie, aberto há quatro anos na França, ganhou o apelido de Amazon da agricultura. Vencedor de diversos prêmios de inovação, o site emprega 70 pessoas, registrou um faturamento de € 23 milhões em 2018 e foi exportado para quatro países vizinhos. Trata-se de um comparador de preços de insumos e máquinas na região do produtor.
“Colocando o seu endereço, você tem acesso ao melhor preço na região de adubos, sementes, ferramentas e o que mais precisar. O valor já inclui a taxa de entrega – e quando se fala em grandes quantidades, isso faz diferença”, nota o vendedor Théophile Sollet.
Mais transparência para retomar confiança
Outro setor que atrai investimentos é o da transparência, em um momento em que os consumidores desconfiam cada vez mais da origem e das condições de produção dos alimentos. O Connecting Food é um aplicativo que possibilita verificar toda a trajetória de um produto, com base nos dados fornecidos pelos produtores que aderem ao serviço.
“No fim da cadeia, o consumidor fica sabendo de onde vem o alimento, quem o fabricou e o quanto recebeu por esse produto. Ele escaneia o código QR na embalagem de uma garrafa de leite, por exemplo, e descobre quando o leite foi recolhido, de quais produtores ele vem, quando foi engarra
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