Description
O bem-estar da família veio sempre em primeiro lugar. Por isso, quando a sua carreira de manequim estava bem encaminhada para seguir um rumo internacional, Ana Marta Faial priorizou a maternidade. “Tinha pessoas mais importantes; coisas mais importantes do que ir para fora”, conta neste episódio, em que revisita a infância e adolescência em Angola, e desconstrói padrões familiares de relacionamento.
Sem tabus, a antiga modelo partilha a violência que sofreu na última relação, tão abusiva que chegou a temer pela vida. No início, porém, revela Ana Marta, múltiplos sinais contrários foram mascarando a realidade, e bloqueando a consciência das agressões psicológicas. Entre altos e baixos vividos ao lado de um narcisista, num dia-a-dia em que gestos de afecto contrastavam com ciclos de humilhação, a presença e apoio dos filhos revelou-se – e revela-se – fundamental. “Ninguém é forte o tempo todo”, sublinha nesta conversa, em que antecipa o lançamento de um livro, e percorre os tempos de manequim, quando ‘desfilava’ num mundo só de meninas brancas, com o rótulo’ de “Ana Preta”.
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Nascida no Cubal, município da província angolana de Benguela, Ana Marta Faial viveu aí a infância e adolescência até se mudar, aos 18 anos, para Portugal. Na altura já casada e mãe, fixou-se em Trás-os-Montes, onde o frio agravou o impacto da mudança, mas não lhe congelou os movimentos. Pelo contrário, foi em território luso que a angolana “descongelou” o velho sonho de se tornar manequim, cumprido sem descurar as exigências da educação de dois filhos menores. Apesar da entrada tardia no mundo da moda, foi distinguida como “Manequim do Ano”, em 1986.
Até hoje reconhecida pelos dotes de passerelle, a ex-modelo tem colocado a sua experiência ao serviço da formação de novas gerações. Hoje com 66 anos, além de formar manequins, e juntar a sua assinatura profissional às marcas Elite Model Look Angola, Cabo Verde e Moçambique, Ana Marta conjuga talentos de artista plástica com os de designer de moda.