Description
2 Junho 2024 | Paróquia de Nossa Senhora do Monte de Caparica
“O sábado foi feito para o Homem. Isto quer dizer que o nosso verdadeiro repouso - a palavra sábado quer dizer repouso -, o nosso verdadeiro repouso tem que ver com recebermos o que Deus nos dá no sábado. E o que Deus dá aos homens no sábado é esta possibilidade de se encontrarem com este Pão. De se encontrarem com este Pão vivo. De se encontrarem com este Pão que, também, ao ser celebrado, traz consigo uma palavra. O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Quer dizer - é a segunda parte da frase - que nós não somos pessoas que vivemos escravizadas, não vivemos subjugadas por ter que fazer, dar um uso ao tempo… diria que acaba por ser sem encontro. O tempo não serve para nós apenas para nos distrairmos, apenas para estarmos desligados. O tempo serve para nós para nos encontrarmos com o Senhor. Todos estes episódios penso que nos colocam perante esta grande questão: nós, como dizia Santo Agostinho, repousamos porque nos encontramos com Deus. Fora disso distraímo-nos, fora disso comemos, festejamos. Mas nós repousamos, quer dizer, mas nós estamos em paz, quer dizer, estamos libertados da ansiedade, quer dizer, não estamos no egoísmo da distracção, não estamos no egoísmo de não querer pensar nisso, de não querer fazer, não estamos na preguiça, não estamos na fuga, porque nos encontramos com Deus. Deus criou-nos para o encontro com Ele e o Sábado, para nós, é sinal disso. Não por acaso a história que segue, o episódio que se segue, é Jesus a curar uma mão atrofiada. Tem a mão atrofiada as pessoas preguiçosas todas, tem a mão atrofiada as pessoas que não são fiéis no trabalho, que não são leais no trabalho. Tem a mão atrofiada todas as pessoas que estão muito agitadas e que têm as mãos para ganhar, e que querem com as mãos ter, e que querem ter a sua vida nas suas mãos. Então Jesus cura esta mão atrofiada para que o Homem possa ter repouso. Nós sabemos a partir dos primeiros cristãos que, afinal o Sábado estava incompleto. Sabemos que o que Deus tinha dito a Moisés, que o que o Rei David tinha feito, que o que o antigo testamento tinha praticado, sabemos que é incompleto porque de facto o Homem tem sábado quando se encontra com Jesus. Daí que este encontro vivo com Jesus chama-se Domingo.
(…)
A ideia que nós repousamos porque Domingo vamos à praia, vamos ao restaurante, almoçamos bem, esta ideia que repousamos porque nos distraímos, penso que colide com o que ouvíamos hoje nas leituras. O Homem não é para um repouso qualquer, uma distracção qualquer. O Homem não é para ficar desligado. O Homem é para encontrar Deus. E é isso que nós celebramos ao Domingo e quando o fazemos aqui na Eucaristia como o percebemos bem. Temos paz quando temos sentido, temos paz quando temos significado para a vida, temos paz quando temos propósito para a vida, temos paz quando as coisas estão ligadas numa direcção que nos vem de Jesus”.