Description
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Não sou muito de fazer pouco das crenças dos outros. Com essa vida difícil que a gente leva, tem mais é que fazer o que dá na telha. Daqui a pouco a gente já era e o que é que sobrou? Ninguém leva nada para o caixão, não é verdade?
Não sou de fazer pouco caso do que os outros acreditam, mas... tem coisa que passa dos limites.
A faxineira que trabalha na minha casa, a Elisângela, sempre foi muito trabalhadeira e incansável, mas, de uns tempos para cá, anda se metendo com uns negócios enigmáticos... Feng Shui do Chapéu Preto ou coisa assim. Ela me falou que agora daria uma repaginada na configuração da minha casa. Segundo seus novos estudos, o fluxo de energia estava totalmente em desacordo. Por isso que na minha vida tudo ia de mal a pior (olha a insolência! Só não falo nada porque considero ela pacas).
Ela resolveu começar pelo meu quarto. Queria revitalizar a ordem diante do caos que reinava ali — não era um caos, era uma bagunça calculada, porque eu sabia onde estava tudo. Ela disse que a cama estava tampando o fluxo de energia e colocou ela na frente do guarda-roupa, formando uma barricada, supostamente liberando o fluxo. Agora, para pegar minhas coisas na parte de cima do guarda-roupa, precisava trepar na janela se não quisesse subir na cama.
Depois, quem entrou na dança foi a sala de estar. Ela teve a ideia de redecorar o ambiente e moveu o rack da TV para trás do sofá, e o sofá ficou encarando a parede. A mesinha de centro, outrora o charme da sala, foi para o canto, e o aparador que abrigava as bebidas foi parar na cozinha. A mesa lateral, onde ficava o abajur, foi retirada – ela “chamava coisa ruim” – e no lugar ela colocou uma banqueta que dizia ser um amuleto. O abajur foi para o corredor, e ela mandou eu comprar uns pufes para “equilibrar” o chi da sala. A poltrona também vazou – não sei o que ela fez com esse móvel, mas no lugar onde a poltrona ficava, ela pôs uma cadeira capenga que precisa de um calço para não ficar bamba.
E sabe o que ela ainda me fez? Posicionou a espreguiçadeira da varanda na cozinha, perto da geladeira, porque ia ser melhor para mim. A cozinha nem era tão espaçosa e ainda era abafada. Eu perguntei: “Elisângela, e eu vou ficar olhando para a geladeira quando quiser descansar? Que ideia mais descabida!” Ao que ela me retorquiu: “Se eu tivesse uma geladeira em casa, ia querer ficar olhando pra ela o dia todo.”
E foi nesse momento que entendi aquele fuzuê todo e decidi dar um aumento para a Elisângela.
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Published 11/11/24
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Published 10/24/24