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Terapia manual, descoberta por osteopata francês, é realizada através de diferentes métodos e aos poucos se expande no Brasil
O que são as fáscias? São tecidos conjuntivos presentes em todo o corpo e debaixo da pele, que revestem grupos musculares, tendões e órgãos. Essas membranas brancas pesam, no total, cerca de 20 quilos e são a base de sustentação de nossos ossos. Ignorados durante séculos, esses tecidos despertam atualmente o interesse de vários pesquisadores. Por enquanto, o benefício da terapia ainda não foi cientificamente comprovado, mas a existência das fáscias e sua influência na saúde e no bem-estar ganham um número cada vez maior e evidências.
Uma das bíblias da Fasciaterapia é o livro “Anatomy Trains”, do terapeuta corporal americano Tom Myers. Lançado em 2001, a obra tornou-se referência. No documentário exibido pelo canal ARTE, ele defende que a fáscia é uma rede continua, que conecta todo o corpo e que uma dor nas costas, por exemplo, pode ter origem em outra parte do esqueleto.
Em muitas universidades, como a de Frankfurt, os cientistas agora tentam comprovar a existência dessa cadeia anatômica. Um deles é Jam Wilke, especialista do esporte, que tenta observar as reações das fáscias observando movimentos ecograficamente.
Na França, um dos marcos dos estudos envolvendo na área é o vídeo do cirurgião Jean Claude Guimberteau, especialista em operações da mão, hoje aposentado. Há aproximadamente 20 anos, ele filmou as membranas durante suas operações. As imagens deram origem a um filme, “Promenade Sous la Peau”, ou “Passeio Debaixo da Pele”, em tradução livre.
Um dos métodos mais conhecidos que envolvem as fáscias foi desenvolvimento anos 80 por um jovem osteopata francês, Danis Bois. Os osteopatas são profissionais que manipulam as articulações manualmente. A técnica é muito utilizada para aliviar dores musculares. A terapia proposta por Bois, baseada na escuta do movimento interno das fáscias, é utilizada no Brasil, onde a técnica começa a ganhar terreno.
A bailarina e terapeuta corporal carioca Simone Nobre é uma das poucas brasileiras que trabalha com a Fasciaterapia no Brasil. Ela iniciou seus estudos na área em 2005 e hoje também forma profissionais seguindo o método de Bois. “Ele criou uma tração nos tecidos, principalmente na fáscia, onde temos uma resposta do corpo e uma reação, uma mudança tônica. A terapia manual da Fasciaterapia, a liberação das fáscias, permite uma mudança na circulação, reestabelecendo a fisiologia”, explica.
“Inicialmente, ele achou que estivesse fazendo uma osteopatia mais refinada, mais sensível, mais precisa, depois percebeu que não. Tinha uma pedagogia que poderia ampliar o método”, completa. “Ele também percebeu que, além do trabalho de liberação que a osteopatia faz, e na própria Fasciaterapia, existe uma implicação do paciente.
Por isso entrou no campo das chamadas educações somáticas. Por isso, na França, inicialmente, a Fasciaterapia foi chamada de psicopedagogia perceptiva do movimento.” Segundo Simone Nobre, a terapia é eficaz para quem sofre com sintomas de stress, ansiedade e dores mecânicas, que podem ser musculares, nos tendões e articulações. A sessão dura cerca de uma hora e pode ser única dependendo do caso.
Fisioterapeuta francês é pioneiro do método no Brasil
O fisioterapeuta francês Armand Angibaud, pratica a Fasciterapia em 1982. Ele implantou o método no Brasil, onde era totalmente desconhecido, em 2002. “Com a evolução das pesquisas e dos congressos, vários terapeutas estão começando a procurar este novo tipo de abordagem do corpo, que se concretiza pela percepção desse movimento interno. O organismo tem uma força própria de autorregulação. Essa é nossa especificidade dentro das terapias manuais”, diz. Hoje Angib