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Pela primeira vez na história, o Brasil deverá enviar uma missão para a lua, desenvolvida por um consórcio de institutos de pesquisa brasileiros e empresas estrangeiras. A espaçonave deverá estar pronta até 2019 – quando a chegada do homem à Lua completará 50 anos.
O projeto Garatéa-L foi apresentado no final de novembro na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP (Universidade de São Paulo). O objetivo é enviar uma sonda que vai sobrevoar a órbita lunar para coletar dados e entender como organismos reagem dentro e fora do campo eletromagnético que protege a Terra da radiação solar, explica o engenheiro espacial Lucas Fonseca, da consultoria Airvantis. O engenheiro trabalhou na Agência Espacial Europeia, participou da missão com a sonda Rosetta, a primeira a pousar em um cometa, e está dirigindo a missão.
Cinco “cubesats” serão enviados à órbita lunar, incluindo um nanossatélite brasileiro. A nave mãe será construída por uma empresa inglesa SSTL, que pertence à francesa Airbus, e na, lua, “distribuirá” os equipamentos na órbita desejada. A expectativa é que a espaçonave fique pronta em 2019, cerca de um ano antes do lançamento previsto, que ocorrerá na Índia, no Cosmódromo Satish Dhawan Space Centre (SDSC), em Sriharikota na região Andhra Pradesh.
“Toda missão especial é guiada por um objetivo científico. Através de dois estudos instintos, estamos tentando fazer uma previsão de como ocorreu essa proliferação da vida no passado e como poderia ocorrer no futuro”, conta Lucas Fonseca. “Um desses experimentos chama-se Astrobiologia; em que trabalhamos com colônias de bactérias. É interessante fazê-lo na Lua, porque ela tem um balé orbital" muito interessante. Em torno dela existe um campo eletromagnético que protege da radiação solar e cósmica. Esse campo, por conta da ação do sol, gera uma cauda que vai além de Marte”, descreve o engenheiro espacial.
Segundo ele, a Lua, que gira em torno da Terra, não está sempre protegida da radiação. “Queremos entender, colocando uma colônia de bactérias no local, o que acontece quando elas estão protegidas e desprotegidas pelo campo eletromagnético. Será que os danos causados quando estão desprotegidas podem ser revertidos e elas voltam a se proliferar em boas condições?”, questiona.“Queremos saber, se nos primórdios da Terra, como essas bactérias se proliferaram no espaço. Será que o início foi de fato na Terra?”
Tecido humano
Outro experimento inédito consiste em colocar tecido humano na sonda, provavelmente pele, para entender o efeito da radiação a longo prazo. “A exposição mais longa que tivemos em um lugar não protegido foi na própria Lua, na missão Apolo. Só que os astronautas da missão Apolo não passavam mais de 15 dias no espaço, por isso não temos um entendimento muito claro do que acontece com um ser vivo que não está protegido pelo campo eletromagnético da Terra. Queremos entender como o DNA é danificado”, diz. A análise dos elementos recolhidos deve começar cerca de um mês após o pouso.
Financiamento
O projeto é subsidiado pelo governo brasileiro mas precisa de investimento da iniciativa privada para ser concluído. Ele está orçado em cerca de R$ 30 milhões. “A parte mais custosa é a carona até a Lua. Achamos maneiras de reduzir o custo. A missão mais barata até hoje foi uma indiana, que custou U$ 55 milhões”, diz. Galatéa-L é custa cinco vezes mesmo e está orçada em apenas US$ 11 milhões. “O preço é bem reduzido mesmo.”
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