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Para favorecer a heterogeneidade na escola francesa, o ministério da Educação francês pretende delegar a um algoritmo, chamado Affelnet, a tarefa de distribuir os alunos a partir de 11 anos nas escolas parisienses. Seguindo diferentes critérios, principalmente a renda familiar, o programa tentará, desta forma, criar grupos com perfis mais diversificados.
Esse mesmo programa já é utilizado, desde o ano 2000, nos liceus em Paris, o equivalente ao segundo grau no Brasil. A capital é um dos territórios pilotos para a adoção do método, já utilizado em diversos países, inclusive da América Latina, na tentativa de diminuir a exclusão e a criação de guetos escolares.
Na França, no ensino fundamental, os pais podem inscrever os alunos em uma escola próxima de sua casa. Isso significa que, até 11 anos, as crianças não saem de seu próprio bairro, seja ele mais rico ou mais pobre, o que acaba reforçando as desigualdades.
Segundo o economista Julien Grenet, encarregado de testar o experimento na região parisiense, o Affelnet usará critérios específicos contra a segregação. A ideia é que sejam favorecidas outras características, como a renda familiar, deficiência física, ou alunos que já tenham um irmão estudando na mesma escola, por exemplo. O objetivo é ampliar o perímetro do chamado "setor geográfico" onde se situaria a escola do aluno -lembrando que muitos bairros têm setores mais ou menos populares.
Um dos critérios considerados valiosos é o valor pago pelos pais na cantina da escola, que difere de acordo com o nível socio-econômico na França. Contrariamente ao liceu, as notas não sõa levadas em conta - a França pretende suprimir o sistema de avaliação por notas até o ensino médio.
Prêmio Nobel
"Foi com esse algoritmo que Alvin Roth et Lloyd Shapley ganharam o prêmio Nobel de Economia em 2012", explica Grenet. "É algo que funciona bem no liceu, na escola primária e também no ensino superior, e que também é usado em vários países da América do Sul", explica. "O algoritmo em si mesmo é muito simples, a diferença são os critérios utilizados. Alguns países vão utilizar as notas, outros os critérios sociais para equilibrar a composição dentro do estabelecimento. Outros países vão utilizar a localização geográfica. É o caso de Chicago", diz.
Escola particular x escola pública
O Ministério da Educação tenta, também, diminuir a influência da escola particular na França, subsidiada pelo governo, mas com liberdade para escolher seus alunos. "Em Paris, apenas 4% dos alunos das escolas particulares vêm das classes mais baixas", declara Grenet. Diversas associações de pais foram criadas para estimular as famílias a manterem seus filhos na escola pública e mudar a composição social. "Mas é claro que existem pais contrários a essa iniciativa", diz.
Luta contra o terrorismo
A mudança anunciada pelo governo no final de 2015 também entra nas medidas preconizadas na luta contra o terrorismo. Na realidade, o governo percebeu que a segregação social favorece a separação entre alunos e reforça o fenômeno da radicalização e exclusão do sistema. "Para construir uma sociedade onde os grupos sociais se aceitam mutuamente, é preciso quebrar essas barreiras. Vários estudos, feitos antes dos atentados mostraram que a França tem essa característica de segregação escolar atrás de seus ideais de valores republicanos".
Algoritmo não é varinha mágica, diz ministra
Um algoritmo pode ser infalível nessa questão? A pergunta suscita um amplo debate, já que o Affelnet já cometeu erros: o programa colocou juntos, na mesma sala do no liceu Turgot, por exemplo, 83% dos bolsistas – alunos de bairros mais populares, com boas notas, que recebem ajuda do governo para frequentar escolas da capital. Paradoxalmente, a própria ministra da Educação, Najat Va
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