Opinião: Novos líderes querem atacar velha mentalidade clientelista e rentista da América Latina
Listen now
Description
Mais uma... Desta vez em El Salvador. O candidato Nayib Bukele atropelou todos os caciques e os grandes partidos tradicionais para vencer as eleições presidenciais no primeiro turno. A campanha de Bukele foi igual a de outros presidentes recém-eleitos na região: uma luta impiedosa contra os corruptos da velha classe política e medidas radicais para resolver os problemas econômicos e sociais. Nada de ideologias. Simplesmente resultados. O jovem presidente aplicou as receitas usadas por uma batelada de políticos da região que vêm chegando ao poder com ideias semelhantes. E nada a ver com as velhas categorias de “direita” e “esquerda”. A mesma via já foi trilhada pelo argentino Maurício Macri, o mexicano Andrès Manuel López Obrador, passando pelo peruano Martín Vizcarra, ou o Jair Bolsonaro. Na Guatemala, a candidata Thelma Aldana, ex-procuradora geral da República, tem tudo para repetir o feito. Mesmo um com partido formado há dois meses atrás. Uma mudança profunda está acontecendo na política regional. Não é a velha lengalenga da gangorra que passa da esquerda para a direita. Certamente, todos esses novos líderes – ou velhos dirigentes modernizados – estão propondo políticas econômicas que privilegiam a criação de riquezas para poder distribuí-las. Junto com os atuais presidentes do Chile, Paraguai e Colômbia, eles são todos acusados de “neoliberais” só porque pretendem chegar lá abrindo as economias nacionais à concorrência, acabando com os déficits públicos alucinantes, incentivando os empresários a investir na competitividade e cortando a selva de regulações e entraves burocráticos que alimentam a corrupção e impedem o desenvolvimento. Sem economias dinâmicas, não haverá nunca dinheiro suficiente para programar políticas sociais públicas eficientes.   Combater privilégios Na verdade, qualquer que seja o passado ideológico de uns e outros, todos querem atacar a velha mentalidade clientelista e rentista que viceja nas sociedades latino-americanas. Um corporativismo que acabou engolindo tanto os meios empresariais quanto sindicais ou as associações populares. Uma cultura do toma-lá-da-cá que levou o subcontinente ao ápice dos esquemas de corrupção, com regimes populistas irresponsáveis – qual sejam seus matizes ideológicos – incapazes de resolver os problemas mais básicos das populações. É óbvio que as situações são bastante diferentes em cada país. Mas todos tem que enfrentar desafios análogos. Produzir resultados rápidos é uma tarefa urgente. As populações da região, cada dia mais urbanizadas, informadas e conectadas, não estão a fim de esperar muito tempo. E o resto do mundo, então, não está nem aí... Nenhum dos países latinos tem hoje condições de participar na revolução digital global e nas novas maneiras de produzir e consumir. O abismo está crescendo, assustadoramente, entre uma América Latina dependente da exportação de matérias primas e de alguns bens de baixo valor agregado, e o mundo das tecnologias da informação, da produção robotizada e dos serviços altamente valiosos. O perigo é simplesmente acabar no lixo da história. Só que não vai ser fácil combater e vencer tantos privilégios e vantagens adquiridas ao longo das décadas de clientelismo e corrupção. O “velho mundo” vai resistir e quase todos os novos presidentes estão longe de ter maiorias parlamentares para aplicar seus programas. A boa notícia é que em todas as sociedades da região existe uma nova geração de juízes e procuradores que querem tentar acabar com a bandalheira generalizada. E que boa parte das populações, cansada de tanta incompetência e roubalheira, está convencida que é preciso tentar políticas diferentes. Hoje, o grande trunfo dos novos dirigentes são as redes sociais, que muitos já utilizaram para se
More Episodes
A última a entrar na corrida foi a telecom francesa Orange, que inaugurou um serviço em 5G para três cidades romenas. Mônaco já tinha rede. Mas também Seul na Coreia, bairros de cidades americanas e alguns centros urbanos chineses. A disparada começou e ninguém pode ficar fora. A 5G não são só...
Published 11/18/19
Evo Morales jogou a toalha. Depois de duas semanas de revoltas populares não havia outro jeito. A polícia decidiu confraternizar com os manifestantes, enquanto o exército declarava que não iria intervir contra o povo e pedia a demissão do mandatário. Profunda solidão do presidente boliviano....
Published 11/11/19