Opinião: Saída para oposição à Maduro passa por pressão sobre cúpula militar
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A aposta do presidente interino da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, para ganhar as Forças Armadas Bolivarianas e derrubar Nicolás Maduro do poder, fracassou. Não porque os caminhões com ajuda humanitária não conseguiram entrar na Venezuela. Já era descontado que a ditadura bolivariana ia impedir a qualquer preço que isso acontecesse, nem que fosse incendiando víveres e remédios e atirando à bala nas populações mobilizadas para recepcionar a ajuda. O fracasso vem da retórica de Guaidó que anunciou que a operação humanitária ia provocar a divisão dos militares ainda leais ao regime. E que, portanto, a queda de Maduro seria inevitável. Mas não aconteceu, apesar da centena de desertores que cruzaram as linhas e passaram para o campo da oposição. Claro, a queda de braço na Venezuela não acabou. Longe disso. Mas a questão é saber qual pode ser a próxima jogada da oposição democrática, que continua majoritária na Assembleia e no país. O governo de Maduro está cada vez mais isolado, mas sobrevive com o apoio de um pequeno grupo de altos mandos militares que mantêm a disciplina interna graças à repressão e a feroz vigilância de agentes dos serviços de inteligência cubanos e russos. Além disso, a cúpula bolivariana conta com o apoio de milícias de civis armados, os famosos “colectivos”, independentes do exército regular e particularmente violentos nos ataques aos opositores. Aliás, foram esses colectivos que incendiaram os caminhões humanitários e atiraram na população das cidades fronteiriças provocando mortes e feridos. Enquanto Guaidó não convencer unidades operacionais importantes a tomar partido contra o poder de Maduro, vai ser difícil mudar a situação unicamente com manifestações pacíficas e proclamações políticas. Dilema da oposição Na verdade, a ditadura bolivariana fechou todas as vias de ação legal. Os direitos e liberdades econômicas e políticas dos venezuelanos foram cerceados há muito tempo. Não há como pressionar o governo sem dispor de algum “poder duro” significativo. A oposição está, portanto, diante de um dilema: ou bem consegue convencer uma boa parte dos oficiais intermediários – e quem sabe alguns generais da cúpula militar – ou então vai ter que apelar mais ainda para o apoio externo, particularmente dos Estados Unidos, dos principais países da América do Sul e da Europa, que já reconheceram Guaidó como presidente legítimo. Só que qualquer tipo de intervenção militar para derrubar o regime de Maduro pode sair pela culatra, sobretudo se for lançada pelos americanos. E tanto a Europa quanto a maioria dos sul-americanos não estão nada a fim de tamanha aventura. Por enquanto, isso parece uma opção muito remota, mesmo se Guaidó declarou que tudo estava em cima de mesa. Difícil imaginar que Donald Trump, que não quer mais saber de guerras externas, queira entrar nesse vespeiro. E ainda por cima sem o apoio da região e dos europeus. Além do mais, não se trata mais de uma guerra clássica: as Forças Armadas Bolivarianas não aguentariam nem três dias. Desde os combates na Ucrânia, na Síria, no Afeganistão ou no Sahel, os estrategistas militares sabem que a guerra hoje é cada vez mais um enfrentamento com milícias armadas, sem uniforme ou sinais distintivos, apoiadas por baixo do pano por governos soberanos que não querem sujar as mãos. Notícias recentes denunciaram  mercenários russos que desembarcaram na Venezuela para proteger o governo. Saída para os opositores de Maduro Todo mundo concorda que o destino da Venezuela deve ser decidido pelos venezuelanos e não por potências estrangeiras. Mas uma oposição desarmada não tem a mínima chance frente a uma ditadura armada até os dentes e também protegida, financiada e sustentada por estrangeiros – Cuba, Rússia e China. A saída parece
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