Meu grande sonho era ser mãe, e quando estava tudo encaminhado, fiquei viúva do meu primeiro marido.
Depois de um bom tempo sem me relacionar - por medo do que o povo ia falar - conheci o meu segundo marido.
Me joguei nessa relação como se fosse uma tábua de salvação, pois tudo que eu queria era um novo relacionamento para poder seguir com o futuro planejado.
Embora houvesse sinais de que algo não estava certo, ele veio morar comigo. Eu tinha apartamento, carro e um emprego estável, e ele, desempregado. Nasceu a nossa primeira filha, ele arrumou um emprego e em poucos anos disse que teríamos que morar com a sua mãe, porque ela era idosa e precisava de companhia.
Eu não queria ir, mas acabei indo, porque ele iria nos deixar se eu não fosse.
Vendi o meu carro e o dele, e compramos um novo, que ficou no nome dele, lógico.
Ele e a mãe brigavam o tempo todo. O nosso relacionamento era frio, e quando eu ia apaziguar a briga, recebia o troco.
As nossas brigas também eram constantes. Eu já não dirigia o automóvel, pois ele escondia o meu documento, dizendo que estava assim protegendo a mim e à minha filha.
Eu ganhava mais que ele e dividia as despesas da casa da mãe dele e inclusive do carro que eu não dirigia. Agora eu dependia da boa vontade dele para me levar e me buscar nos lugares que ele permitisse que eu fosse. Ele sempre alegava que era para me proteger, e eu aceitava.
Quando a gente brigava ele se oferecia para me buscar no trabalho, que era bem longe. No caminho ele me ameaçava, dirigia rápido, freava em cima do carro da frente, sempre gritando que eu não poderia me separar. Houve momentos em que pensei em saltar do carro em movimento.
A mãe dele me alertava para que eu não cedesse às vontades do próprio filho. Quando pensei em ter o meu segundo filho, ela disse que eu era louca - “de homem ruim só se pare uma vez” - explicando que foi por isso que ela só teve um filho. Parece que esse foi o exemplo de pai e marido que ele teve em casa, conforme crescia e se tornava esse mesmo homem.
Nosso segundo filho nasceu, e ele dizia estar muito feliz com a família, mas não era isso que demonstrava, sempre de mau humor e reclamando de tudo. E a culpada era sempre eu.
Passou-se uma década e ele quis sair da casa da mãe. O meu apartamento estava alugado, mas ele me fez vendê-lo para comprar uma casa.
Nessa época os meus filhos tinham 9 e 5 anos, eu havia mudado de emprego e o salário era menor, e não tinha condições de pagar uma pessoa para me auxiliar nos serviços de casa. Eu fazia tudo sozinha e para completar ela convidava a mãe e duas tias para passar finais de semana na casa, e eu trabalhava dobrado.
Então ele se aposentou, e ficava em casa o dia todo em casa sem fazer nada. Ele exigia que eu deixasse o almoço pronto, e não poderia faltar suco, porque ele só comia com suco. Toda tarde ele ia bater papo com a vizinha, e dizia que eu o deixava muito sozinho. Que piada de mau gosto!
Ele controlava minhas finanças, minhas amizades, a minha relação com os meus filhos e me proibia de fazer academia, sair com amigas, e quando a minha irmã vinha em casa ele se bancava de bom marido, sempre dizendo: eu amo essa mulher, eu nunca vou largar ela!
Na nossa relação faltava respeito, parceria, carinho, presente, alegria, sexo, faltava tudo! Eu parecia mais uma empregada do que uma esposa.
Quando eu falava que queria me separar ele ameaçava matar a mim, aos filhos e se matar, ele tinha uma arma de fogo, que desde o início tentei fazer com que ele se desfizesse, sem sucesso. “É para nossa defesa” - ele dizia...
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