- Liberdade condicional -
O ano era 2008, eu tinha 22 e ele 47.
Seis meses depois do primeiro beijo, estava eu me mudando para casa dele.
Abandonei minha vida em Floripa, sai do trabalho e fui com ele para o Rio, o meu estado natal. Demorei para me apaixonar, mas me apaixonei. Venci preconceitos e me abri para vida nova. O começo foi lindo, divertido. A proposta de viajar o mundo, os amigos, jantares, festas, tesão, paixão… Era uma vida perfeita.
Não precisa trabalhar - ele dizia. É tudo nosso! - ele repetia.
O mundo é nosso! - e parecia que era mesmo.
Vamos assinar a união estável para você tirar o visto americano? Vamos! Claro.
Mas união estável com separação total de bens, tá?! Tá bom, claro.
Juras de amor eterno, e confiança cega nele.
Mas no mesmo casamento não pode ter separação total de bens e dependência financeira, porque o resultado disso é um só: CONTROLE.
Sexualmente também fui manipulada. Fui convencida de que seria legal experimentar o que não me interessava: ele era realmente persuasivo.
Fui induzida a transar com outras pessoas, inclusive mulheres - que nunca curti - ex namorada dele, prostituta, e nessas situações eu sempre estava alcoolizada, usando ecstasy ou MDMA. Acho que queria agradá-lo, inconscientemente, só pode ser! Porque para mim não era algo bom. Uma vez ele armou uma viagem para encontrar um amigo dele, que também era meu, e que estava saindo com uma ex namoradinha dele.
Ele forçou a situação e acabamos nós 4 na banheira: eu beijando ela, e sendo acariciada pelo amigo. Se penso nesse dia, me dá ojeriza.
Quando eu engravidei da minha filha, depois de 5 anos de casada, ele ficou p**o e jogou um controle remoto na parede. Ficou um mês sem falar comigo.
Depois das crianças, não rolou mais esse tipo de situação ou assunto. Não cabia mais. Acho que até por isso que ele não queria ter filhos.
Depois de quase 15 anos de casamento, 2 filhos paridos em casa, viagens pelo mundo, vem a bomba: eu cresci e não cabia mais ali. Algo mudou em mim e assim acabou a ilusão, o amor exagerado, os presentes, a sedução, a paixão, TUDO nele virou raiva, perseguição, violência, controle, jogos de poder.
Então ficou claro: a minha liberdade só existe quando satisfaz as vontades dele.
Eu até podia transar com outros e outras, mas só se fosse com ele, escolhido por ele, ou na presença dele. Poderia usar roupas sexys, lingeries ousadas, mas só se fosse para ele.
Viajar? Claro! Mas com ele e para onde ele quisesse ir. Enviar mensagens quentes? Só para ele.
No momento que eu decidi que ele não seria mais o centro do meu mundo, a nossa vida em conjunto implodiu e a minha, como eu conhecia, colapsou.
Que ousadia! Uma mulher 25 anos mais nova que seu marido abusador, dependente financeiramente, com 2 filhos para criar… Como pôde ser tão ousada? Quem me dera a minha carta de alforria?
Essa mulher aí precisou juntar muita força e coragem para conseguir se separar.
Talvez ela - eu - já soubesse que seria uma batalha daquelas. Por isso tanto tempo. Por isso a demora. Foi um processo lento e longo, desde o primeiro pensamento sobre o assunto foram 5 anos para me separar. Muitas conversas, e ele sempre em negação, até que peguei as minhas coisas e sai. Fiz um acordo, verbal, de que eu ia sair e deixaria uma casa montada, souvenirs de todos os países que visitamos, fotos, TUDO, e ele me pagaria uma pensão por 2 anos, tempo necessário para eu me reestabelecer profissionalmente. Levei meus filhos comigo, mas depois começamos a intercalar, tempos com o pai e com a mãe.
...
[por conta do limite de 4000 caracteres o restante da história está apenas no áudio]
Lembrando que o Podcast Sozinha de si é um projeto de acolhimento através de histórias anônimas, manda a sua história pra mim:
[email protected]
Você também pode me mandar a sua história através de um audio, diretamente por aq