Description
O que tenho para compartilhar é um relato recente escrito entre lágrimas.
Sou uma mulher de 50 anos, trabalho como autônoma e crio meu filho de 11 anos sozinha. Me separei do pai dele quando ele tinha 4 anos. Meu filho apresenta traços de autismo. Nós nos damos bem em nosso cotidiano, é um menino maravilhoso.
Por causa dele, comecei a trabalhar em casa, servindo pensões mensais e refeições. Moramos apenas nós dois. Para o trabalho que faço, preciso de colaboradores, ou seja, ajudantes e entregadores.
Há cerca de dois anos, resolvi contratar um parente muito próximo, para a função de entregador. Sempre nos respeitamos como irmãos. Tudo ia bem. Éramos três: eu, ele e uma moça que me ajudava na cozinha. Aos domingos, no final do expediente, dividíamos uma cerveja, já que a segunda-feira era nosso dia de folga. Compartilhávamos tudo entre nós três, desde os lucros até os segredos. Éramos uma equipe.
Em março deste ano, a moça saiu porque encontrou algo melhor. Ficamos felizes por ela, e eu decidi não contratar outra pessoa para seu lugar, já que ela estava comigo há quase seis anos. Ficamos apenas eu e meu parente.
Nem tanto tempo havia passado, e já notava traços autoritários nele. Não atendia aos meus pedidos como antes e queria folgar dois dias na semana. Discutimos sobre isso e eu expliquei que não era possível para mim. Comecei a me sentir como se estivesse trabalhando para ele, e não o contrário. Expliquei que não poderia ficar sem entregador aos domingos.
Ele concordou em trabalhar aos domingos, mas disse que eu precisava falar com ele de maneira adequada. Que maneira seria essa? Eu era a mesma.
Mas eu já estava decidida a fazer mudanças mais radicais e dispensei os serviços dele. Antes de sair, ele pediu para que eu pensasse melhor. Os dias passaram, e eu consegui encontrar outro entregador. Embora ele falasse normalmente comigo, percebi que não gostou da mudança. Depois disso, veio durante o dia, tomou um café meio sem graça e foi embora. Não o vi mais por 10 dias.
Num domingo, após terminar minhas tarefas, fiz toda a limpeza, pedi uma pizza para meu filho e abri uma cerveja, como é meu hábito no final de domingo. Deixei o portão aberto aguardando a pizza e me distraí com o celular e a cerveja, quando ouvi meu primo entrando e chamando pelo meu sobrenome, como sempre fazia. Ele estava visivelmente alterado, parecia ter bebido bastante. Cumprimentei, ofereci um copo e perguntei de onde ele estava vindo e onde havia bebido. Ele respondeu que tinha vindo de casa.
A pizza chegou, dei um pedaço a ele, servi meu filho e fui para a área. Notei que ele tentava me tocar enquanto conversava e eu pedi para que ele conversasse sem encostar em mim. Ele alegou que estava passando mal, eu disse que fosse para casa, pois não queria que me desse trabalho. Ele riu e disse que estava brincando. Continuamos a conversar sobre coisas triviais, e ele foi ao banheiro da área várias vezes, o que achei normal, considerando que parecia ter bebido bastante.
Tal momento ele fingiu que estava chorando, dizendo que todo mundo o abandonava. Eu disse que, embora não trabalhássemos mais juntos, ainda podia vir de vez em quando para conversar ou tomar um café. No entanto, ele continuava tentando se aproximar e eu me esquivava.
Desconfiei de suas intenções e tentei gravar um vídeo. Coloquei o celular no colo e liguei a câmera, mas ele se movia muito. Então coloquei uma cadeira do outro lado da mesa e pedi que ele se sentasse afastado. Ele desconfiou e perguntou se eu estava gravando, eu disse que não e mostrei o celular desligado.
Foi então que me senti realmente em perigo. Ele se aproximou de mim com os olhos arregalados e expressão fechada, sem dizer uma palavra.
...
[por conta do limite de 4000 caracteres o restante da história está apenas no áudio]
Lembrando que o Podcast Sozinha de si é um projeto de acolhimento através de histórias anônimas, para
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