#26 - Virei advogada pra me defender
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A história que vou contar começa aos meus 24 anos, quando conheci meu futuro marido. O romance avança rapidamente. O casamento veio quatro anos depois, e nós nos mudamos para uma nova cidade, onde ele tem uma loja de calçados e confecções. Eu, que sempre tive uma paixão pela educação, arranjo um emprego como professora em um colégio local e, mais tarde, em uma escola em um município vizinho. A vida parecia promissora, com todas as coisas em seu lugar.  Mas as dúvidas e os problemas estavam ali, à espreita. No dia a dia, ele começa a demonstrar uma grosseria crescente em palavras e atitudes. Eu continuo apaixonada, pensando que esses momentos eram típicos de qualquer relacionamento, com seus altos e baixos. O amor faz silenciar minhas inquietações e seguir em frente, tolerando comportamentos que, mais tarde, revelariam ser sinais de um padrão abusivo. Quando nossa filha nasce, decido me dedicar à família. Para isso, peço exoneração de um dos empregos. Em compensação, passo a trabalhar na loja do marido e, apesar das minhas preocupações pessoais, me entrego à tarefa de dona de casa e da loja, de corpo e alma. E então, logo depois, decidimos expandir o negócio, comprando um terreno vizinho para aumentar a loja. A rotina se intensifica: durante o dia na loja e à noite na escola. É um ciclo cansativo, mas a ideia de dar uma vida melhor à filha me motiva. Mesmo com o desgaste, me sinto realizada. Aos dois anos da pequena, vem a escolinha e eu me vejo com mais tempo para correr atrás dos meus sonhos. Ufa! Vou poder cursar Direito, coisa nunca permitida pelas circunstâncias. Agora, com o apoio do marido, eu podia me matricular na faculdade… Mas, que apoio? Ora, ele não demonstra nenhuma simpatia pelos meus projetos. Ao contrário: ele afirma que a relação não sobreviverá a essa decisão. Estupefata, eu ignoro os avisos e me matriculo, decidida a pagar a mensalidade com o salário de professora. Os dias se tornam cada vez mais corridos, com criança, faculdade e loja, e eu preciso fazer um grande malabarismo para dar conta de tudo! As aulas da faculdade são em outra cidade, 50 km de distância a serem percorridos, e a única ajuda dele tem sido com o transporte. Me organizo para que a rotina da filha não seja afetada e, em meio a provas e trabalhos, consigo um estágio no fórum. Vitória! Essa oportunidade é uma válvula de escape, permitindo que eu ganhe experiência prática, embora não seja remunerado. O trabalho tinha se tornado uma paixão! Infelizmente, a alegria logo se transforma em uma fonte de tensão. O marido pressiona, alegando que não estou dando atenção suficiente à filha e que o estágio só gera brigas. Sim, o estágio. Não ele, com a falta de parceria. Minha vitória se transforma em derrota e eu saio desse trabalho, continuando meus estudos em casa. Não uma derrota completa: continuo achando que é uma fase, e que, uma vez formada, tudo se resolverá. O tempo avança, e o desejo de ter outro filho começa a surgir. Um sonho se choca com outro e eu percebo que preciso esperar a conclusão do curso. E eis que os dois desejos se realizam: a defesa do TCC acontece com a barriga já crescendo. O problema continua sendo ele, que não vai à defesa de teste nem à colação de grau. Quem perde é a minha paixão por ele, que vai diminuindo. Na mesma proporção, sabe o que cresce? Meu amor pelas minhas conquistas. Vocês sabem que todo mundo que faz o curso de Direito precisa de aprovação da Ordem dos Advogados do Brasil para advogar. Sem essa carteira, a pessoa que concluiu o curso é bacharel em Direito, não é advogada ainda. É um momento único em nossa carreira e uma grande conquista. ... O que ele diz? “Você não vai passar, não adianta”. ... [por conta do limite de 4000 caracteres o restante da história está apenas no áudio] Lembrando que o Podcast Sozinha de si é um projeto de acolhimento através de histórias anônimas, para cuidar d
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Published 10/28/24
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