Nipo-brasileiros falam da herança cultural japonesa na Bolívia
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Japoneses chegaram ao país em 1896 e depois da Primeira e Segunda Guerra, quando governo cedeu terras para os imigrantes Elianah Jorge, correspondente da RFI em Santa Cruz de la Sierra Lucas Tamashiro é um reconhecido “influencer” na Bolívia. Ele e seu primo, Giovani Brasil, são dois dos poucos brasileiros da comunidade nipo-boliviana. Os avós japoneses chegaram há 64 anos na Bolívia, buscando melhores oportunidades depois da Segunda Guerra Mundial. O pai de Lucas e a mãe de Giovani foram fazer faculdade no Brasil e voltaram casados do país. Para Lucas, sua herança cultural é única. “Não conheço outros nipo-brasileiros aqui”, diz. Lucas nasceu em Viçosa, Minas Gerais, e ainda bebê veio para Santa Cruz de la Sierra com a mãe brasileira e o pai nipo-boliviano. Já Giovani Brasil tem a nacionalidade brasileira por parte de pai e a japonesa por parte da mãe, além de ser boliviano de nascimento. “Sou mais boliviano-japonês. Minha mãe, que é japonesa, me ensina sobre a pontualidade, o planejamento. Estou acostumado com isso”, conta Giovani que morou por dois anos no Japão com o pai brasileiro. O início da imigração japonesa na Bolívia A chegada massiva de japoneses na Bolívia aconteceu a partir de 1896, na Era Meiji, quando os japoneses foram autorizados a deixar o país natal e depois da Primeira e Segunda Guerra Mundial. Os avós de Lucas e de Giovani vieram no terceiro grupo. Com o Japão devastado no pós-guerra e a Bolívia distribuindo terras, muitos japoneses decidiram tentar uma nova vida do outro lado do mundo, na América do Sul. A história do surgimento dos nipo-bolivianos levou o médico Mario Gabriel Hollweg, nascido na Bolívia e formado no Brasil, a escrever o livro “Japoneses pioneiros no oriente boliviano”, onde ele relata a trajetória dos imigrantes. “A terra onde se estabeleceram os primeiros colonos japoneses era uma terra habitada pelos indígenas. Chegar lá não foi fácil. A primeira colônia se chamava Uruma. Havia muita expectativa, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial”, declara. Com ajuda financeira do Japão, foram criadas no departamento de Santa Cruz, que faz fronteira com o Brasil, as colônias Okinawa 1, 2 e 3 e a de San Juan de Yapacaní, onde os costumes japoneses até hoje são preservados. Parte da família de Lucas e de Gabriel mora na Okinawa boliviana. Lucas se refere ao local como uma “roça”. Segundo ele, é como se estivessem visitando Okinawa, no Japão. “Tem campeonato de sumô, o festival do arroz. Os japoneses que moram aqui na cidade são diferentes dos que moram na roça, que só conversam em japonês”. De acordo com Hollweg, os Estados Unidos são o país com maior número de imigrantes japoneses, seguido pelo Brasil e pelo Peru. Alguns do grupo peruano decidiram vir para a Bolívia. “Alguns foram para a Amazônia boliviana e um grupo grande ficou em La Paz. Muitos se tornaram comerciantes, outros ficaram trabalhando nas vias férreas, fazendo suas vidas”, diz. De volta para o Japão O agricultor japonês Kunio Miyagi, chegou à Bolívia quando tinha apenas dois anos. “Meu pai conta que o governo ofereceu 50 hectares de terra. Era uma oferta muito atraente”, diz. O terreno que os pais de Kunio ganharam ao chegar na colônia em Santa Cruz até hoje é o ganha-pão da família Miyagi. Ele e outros nipo-bolivianos são responsáveis por boa parte da produção de leguminosas e de ovos nacional. Já adulto, Kunio voltou a morar no Japão, mas não se adaptou aos costumes da terra natal e preferiu voltar à Bolívia. “Um boliviano vive o dia a dia. Já os japoneses considero como pessoas mais disciplinadas. Em relação aos brasileiros, somos alegres, descontraídos. Juntar tudo isso é complicado”.  
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