O Egito no Imaginário dos Europeus #105
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Em 1798, o general francês Napoleão Bonaparte, com 29 anos, escreveu: “Minha glória já desapareceu. Devo procurá-la no Oriente. Esta pequena Europa não é o suficiente." Para Napoleão, o Egito era uma terra faraônica e bíblica, de imperadores como Alexandre o Grande e Cleópatra. Era o espaço de uma civilização "perdida" que havia construído os monumentos mais impressionantes da Antiguidade. Embora o Egito fosse tudo isso, a realidade mostraria para Napoleão que seus conhecimentos sobre o país estavam desatualizados e envoltos em romance. Em pouco tempo, a conquista militar do Egito por Napoleão se mostrou um fracasso completo. Durante a campanha, os franceses assassinaram milhares habitantes egípcios, assim como turcos e sírios. Os próprios soldados de Napoleão sucumbiram em números ainda maiores pela peste. A derrota militar de Napoleão no Oriente Médio foi explícita para todos, mas o mesmo não pôde ser dito sobre a sua "conquista científica". Além do seu exército, Napoleão trouxe 167 cientistas para estudar o Egito. A cada novo templo e tumba que era escavado pela expedição científica de Napoleão, o público europeu ficava cada vez mais eufórico pelas últimas revelações no país. Aos poucos, uma verdadeira euforia começou a apossar-se das mentes e dos corações dos europeus em relação ao Egito. Todos queriam saber quem foi Ramsés II, Nefertiti ou que segredos estavam escondidos no templo de Luxor. Enciclopédias, romances e guias ilustrados sobre o Egito começaram a ser comercializados nas principais metrópoles franceses, britânicas e austríacas. Aproveitando-se daquele fenômeno, Napoleão ordenou a confecção de diversos manuais descritivos do país, aumentando ainda mais o interesse popular pelo país. Graças a essa euforia, Napoleão não foi visto como um general inexperiente e fracassado, mas sim como um conquistador "científico" que trouxe "luz" ao decrépito país. Para os europeus, o Egito se tornou um fenômeno cultural. Entretanto, para os egípcios, a Europa tornou-se o sinônimo de colonização e brutalidade. Enquanto os europeus idealizavam o Egito em Londres ou Paris, na vida real, os soldados franceses em Cairo desprezavam o islã, entravam com suas botas sujas nas mesquitas e eram truculentos com os vendedores nos bazares. Era um paradoxo: enquanto os europeus desprezavam o Egito e a civilização árabe, eram fascinados por aquele Egito romantizado. ______________________________________________ Se curte o conteúdo do Geo, agradecemos quem contribuir com nossa campanha mensal no: Apoiase: https://apoia.se/geopizza Picpay: ⁠https://picpay.me/geopizza ou Patreon: https://patreon.com/geopizza Confira nossa loja do Geopizza, a Geostore 👇https://shopee.com.br/shop/482090101/ ______________________________________________ Fontes completas e dicas culturais no nosso site https://geopizza.com.br/
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