Imperialismo Britânico no Egito #107
Listen now
Description
Em 1882, o Egito tornou-se um protetorado britânico, embora já estivesse sofrendo uma profunda influência europeia há quase um século. Desde 1801, o governante egípcio Muhammad Ali havia aplicado moldes europeus nas instituições, escolas, exército e nas cidades egípcias. Graças a isso, os britânicos garantiram posições de poder no país, liderando cargos científicos e burocráticos. Acumulando riqueza, eles compravam grandes plantações e construíram suas mansões longo do Nilo. Tamanha foi sua influência, que um dos projetos comerciais mais ambiciosos do mundo - o Canal de Suez - foi proposto e executado no Egito em 1869 através de firmas europeias. Curiosamente, o Egito não tinha direito algum de usufruir dos lucros do canal: eles pertenciam apenas aos britânicos e franceses. Em uma tentativa de se adequar aos moldes europeus e transformar Cairo em uma "Paris no Nilo" o Egito afundou-se em dívidas que obrigaram-lhe a ceder sua autonomia a Grã-Bretanha. Com a oficialização da ocupação britânica em 1882, um regime praticamente colonial foi instaurado, segregando a capital em bairros para europeus e bairros para egípcios. Em uma passagem do livro "Os Condenados da Terra” o autor Frantz Fanon escreve sobre Cairo, que: “ O mundo colonial é um mundo cortado em dois. Embora opostos, a cidade colonial depende de seu oposto oriental. A cidade do colono é uma cidade fortemente construída de pedra e aço. É uma cidade bem iluminada; as ruas são de asfalto e as latas de lixo engolem os restos, invisíveis, desconhecidos e mal pensados. As ruas são limpas, planas e sem buracos. A cidade do colono é uma cidade bem alimentada; sua barriga está sempre cheia de coisas boas. A cidade do colono é uma cidade de brancos, de estrangeiros, de europeus. Já a vila dos colonizados, a vila nativa, a aldeia, a medina, é um lugar de má fama, povoado por homens de má reputação. Eles nascem lá, pouco importa onde e como se alimentam; eles morrem lá, não importa onde, nem como. É um mundo sem espaço; onde as cabanas são construídas umas em cima das outras. A cidade nativa é uma cidade faminta, faminta de pão, de carne, de sapatos, de carvão e de luz. A cidade nativa é uma aldeia agachada, uma cidade de joelhos, uma cidade chafurdando na lama. É uma cidade de estômagos vazios e de pés descalços. A vila nativa é uma cidade de negros e árabes.“ No início do século 20, diversas guerrilhas rurais e urbanas surgiram por todo o Egito, clamando por independência. ______________________________________________ Se curte o conteúdo do Geo, agradecemos quem contribuir com nossa campanha mensal no: Apoiase:⁠ https://apoia.se/geopizza⁠ ou Patreon: ⁠https://patreon.com/geopizza⁠ (se você mora fora do Brasil) Confira nossa loja, a Geostore 👇⁠ https://shopee.com.br/shop/482090101/⁠ ______________________________________________ Fontes completas e dicas culturais no nosso site⁠ https://geopizza.com.br/⁠
More Episodes
Em 1991, Medellín se tornou a cidade mais violenta do mundo devido às ações de Pablo Escobar. O chefe do Cartel de Medellín vitimou mais de 46 mil colombianos ao longo de 10 anos, através de seus atentados a bomba feito em locais públicos. Cerca de 30 anos depois, o mesmo Pablo Escobar...
Published 05/06/24
Published 04/05/24
🇯🇵 Na nova série XÓGUM: A Gloriosa Saga do Japão, disponível no Star+ e Disney+ com episódios semanais, o britânico John Blackthorne aporta no Japão em 1600 e forma uma parceria com o poderoso Lorde Yoshii Toranaga. Baseado em personagens reais, John Blackthorne foi o mercador inglês William...
Published 04/05/24