Eleições: "A máquina que fazia a fraude em Angola está a ser reabilitada"
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Analista angolano acredita que a visita aos EUA do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, serve para reunir apoios contra a fraude nas eleições gerais. Oposição desconfia de "irregularidades" no processo eleitoral.Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição no país, está nos Estados Unidos da América (EUA) para mobilizar apoios e observadores para as eleições gerais de agosto. Os norte-americanos já se ofereceram para mediar um encontro entre Adalberto Costa Júnior e o Presidente João Lourenço, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), para desanuviar o clima de crispação política entre os dois partidos. Para o jornalista angolano José Gama, a deslocação do principal líder da oposição angolana é uma tentativa de encorajar a comunidade internacional a fiscalizar o processo eleitoral e, ao mesmo tempo, desencorajar a fraude eleitoral naquele país africano. DW África: Adalberto Costa Júnior está nos EUA para mobilizar apoios para o processo eleitoral em Angola. Na sua opinião, qual é o significado desta visita? Acha que há aqui uma tentativa de desencorajar a fraude eleitoral em agosto? José Gama (JG): Perfeitamente. Nós temos um processo eleitoral que, à partida, começou com algumas irregularidades, a começar com a contratação de uma empresa espanhola [para a logística das eleições]. A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola organizou um concurso público praticamente à medida desta empresa, o que vai contra a lei da contratação pública. Esta empresa já tem antecedentes não muito bons na história de Angola e Adalberto [Costa Júnior] está a aproveitar a oportunidade para mobilizar apoios e também para encorajar a comunidade internacional a fiscalizar o processo eleitoral. No passado, os observadores constatavam apenas in loco o ato da votação. Mas agora toda a comunidade política em Angola - com realce para os partidos políticos da oposição e Adalberto, como primeira figura do partido UNITA - quer que o processo seja mesmo fiscalizado no seu todo, à semelhança do que os EUA estão a fazer agora com as eleições no Zimbabué e também como fizeram nas eleições da Zâmbia e noutros países africanos. Estão a aplicar sanções a todas as figuras que estão a ser implicadas ou associadas a atos que possam representar fraude eleitoral. DW África: Na bagagem para os EUA, o líder da UNITA leva também esta questão importante de observação internacional. Acha que é importante este apoio norte-americano, ou fica mal a um líder da oposição fazer este pedido a um país estrangeiro? Acha que pode ser interpretado como uma interferência? JG: Não há interferência, porque o Presidente Joe Biden, assim que tomou o poder, em fevereiro do ano passado, fez um discurso ao Congresso no que respeita à sua política externa, que teve como lema priorizar a democracia. Ele alertava que a democracia teria que vencer a autocracia no mundo. Uma das coisas que Biden está a fazer é precisamente procurar fiscalizar todos os processos democráticos, com destaque para os países africanos, mas também da América Latina. Uma das medidas é justamente fazer o acompanhamento das eleições e isso já se começa a sentir em Angola. Recentemente, diplomatas norte-americanos foram até à sede da CNE para ter mais dados sobre o processo. Foram também ter com uma delegação da UNITA e inclusivamente manifestaram interesse em haver um clima favorável, um clima de diálogo, entre o líder do MPLA e o líder da UNITA. DW África: Até porque os EUA, pelos vistos, já se ofereceram para mediar um possível encontro entre Adalberto Costa Júnior e João Lourenço. Acha que este é um tema que está em cima da mesa nesta visita aos Estados Unidos? JG: Adalberto Costa Júnior vai ter encontros de alto nível. Provavelmente será recebido no Departamento de Estado e também por en
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