Eleições em Angola: O que mudou para os jovens nos últimos cinco anos?
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Em 2017, quando o atual Presidente, João Lourenço, foi eleito, substituindo José Eduardo dos Santos, muitos jovens votavam pela primeira vez. Cinco anos depois, por que país lutam os mais novos? O que mudou?Angola vai a votos a 24 de agosto e os jovens, que compõem mais de metade do eleitorado, serão uma peça-chave. Muitos votaram pela primeira vez em 2017, quando o atual Presidente, João Lourenço, foi eleito, substituindo José Eduardo dos Santos, após 38 anos no poder. Cinco anos depois, o que mudou na vida da juventude? João Quipaca lembra-se bem da chegada de João Lourenço ao Governo. Na altura tinha 25 anos e era professor colaborador numa escola privada em Malanje, capital da província com o mesmo nome, a 380 quilómetros da capital angolana. Pouco tempo depois, foi despedido. Segundo ele, o novo Governo trouxe "cortes na educação" que deixaram fora do ensino cerca de 20% dos professores. "Depois de ele [João Lourenço] estar no poder, nós, professores, fomos retirados. Rescindiram contratos porque as instituições ficaram sem valores", conta à DW. Já nessa altura, a remuneração era baixa. João ganhava 10 mil kwanzas [cerca de 22 euros], um valor que "nem chegava para sustentar a família, mas dava para fazer alguma coisa". Em 2017, a taxa de desemprego em Angola rondava os 24%. No seu manifesto eleitoral, o Movimento Popular de Libertação de Angola [MPLA] propunha-se a reduzí-la em um quinto. Outra proposta ambiciosa deu muito que falar: o partido no poder prometia criar, no mínimo, 500 mil novos empregos. Promessas e esperança Nessa altura, Antónia Paulo, estudante universitária em Luanda, então com 21 anos, estava a trabalhar. Mas lembra-se do impacto da promessa: "Os meus amigos esperavam com anseio por essa altura em que os empregos iam começar a chover. Vi muita gente empolgada que hoje anda meio dececionada. Sentem-se desiludidos, enganados. Acreditam que foi só mais uma campanha eleitoralista para garantir votos", diz, em entrevista à DW. João Quipaca partilha deste sentimento. "Em 2017, [João Lourenço] mostrou ser alguém carismático e preocupado com a juventude, mas, infelizmente, depois de estar a governar, mostrou que é mais um ditador, o pior governante que já existiu no país. Os tais 500 mil empregos a juventude nunca viu, ninguém se beneficiou disso", frisa. No entanto, João Lourenço garantiu recentemente, num ato de pré-campanha eleitoral no Huambo, que a promessa foi praticamente cumprida. Segundo o chefe de Estado, de 2018 até agora, "o Executivo gerou cerca de 460 mil postos de trabalho" nos mais variados setores da economia. Questionado pela DW sobre se é possível que o MPLA tenha cumprido esta promessa, o economista angolano Francisco Miguel Paulo responde afirmativamente: "É razoável, porque há muitos concursos públicos, entre outros, e as empresas também contribuíram". No entanto, chama a atenção, a questão não se prende apenas com a criação dos 460 mil empregos. "Pergunta-se: quantos empregos foram destruídos no mesmo período? Porque o mercado de trabalho é dinâmico. E infelizmente as estatísticas não estão completas. Têm que fazer, para vermos qual é o emprego líquido. Muito mais se perdeu, como podem ver. Se não, o desemprego estaria a diminuir", explica. Desemprego aumentou Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) comprovam-no: de 24%, em agosto de 2017, a taxa de desemprego aumentou para 30,8% em maio de 2022. "Se olharmos para a taxa de desemprego juvenil, dos 15 aos 24 anos, é muito mais elevada. Anda à volta dos 50, 60%. Mesmo a taxa de emprego que o INE publica a cada três meses, dos tais ditos [11 milhões de] empregados, 80%, mais de 9 milhões, estão no mercado informal, em empregos precários, sem nenhuma garantia legal. Não descontam para a segurança social, não têm os direitos que um trabalhador normal tem", constata o economista. Francisco Miguel Paulo vê o de
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