Cabo Delgado: Mueda é o próximo distrito a ser ocupado pelos terroristas?
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Sim, acredita Joseph Hanlon. E o académico prevê que o Governo moçambicano possa ficar muito nervoso se Mueda for ocupado. "Estão a subir a montanha, para longe das áreas muçulmanas e a lutar contra os Makondes".Mueda poderá ser o próximo distrito a ser ocupado pelos terroristas, depois de Mocímboa da Praia e Muidumbe. Foi neste último distrito onde os terroristas fizeram a sua demonstração de força. Aí, em finais de outubro, decapitaram, destruíram e ocuparam. Ferosa Zacarias, diretora do Fórum das Rádios Comunitárias (FORCOM), conhece o terreno e conta que "das 26 aldeias que compõem o distrito de Muidumbe, 24 foram tomadas ou invadidas. Só temos informações de que os insurgentes não atacaram duas". Mas o início do domínio insurgente começou antes, em março tomaram o porto e aeroporto de Mocímboa da Praia e em agosto os terroristas anunciaram a tomada do distrito. Conversámos sobre a tendência expansionista dos terroristas com o académico e jornalista Joseph Hanlon. DW África: Mocímboa da Praia está nas mãos dos terroristas desde agosto passado e Muidumbe segue pelo mesmo caminho. Está mais do que claro que a intenção dos insurgentes é de uma ocupação da província... Joseph Hanlon (JH): Não, mas está claro que querem ocupar boa parte da província, particulamente a região norte de Cabo Delgado, que lhes possa permitir manter uma ligação com os insurgentes do sul da Tanzânia. O que estamos a ver no momento é literalmente uma subida. Os Makondes estão baseados no planalto de Mueda e Muidumbe é a descida do planalto em direção a Mocímboa da Praia, que já está sob seu controlo. O que eles estão a fazer é subir a montanha, para longe das áreas tradicionalmente muçulmanas, e a lutar contra os Makondes para tentar ocupar Mueda. DW África: Há gente em Mueda que reporta que os terroristas já estão à porta... JH: Se isso acontecer, poderá ser muito dramático, porque Mueda é o "forte", é a partir daqui que a guerra se está a travar. E se os militares e a polícia forem tão fracos a ponto de perderem Mueda, acho que o Governo vai ficar muito nervoso. E há todas estas declarações de ajuda internacional a Moçambique, mas a primeira coisa que os estrangeiros podem fazer é ajudar a liderança a entender que está perante os seus próprios cidadãos a lutar contra ela e que deve responder aos seus problemas. DW África: A demora e dificuldade do Estado moçambicano em recuperar essas regiões deixa mais do que evidente a sua incapacidade de travar os insurgentes. Que medida urgente o Estado deve tomar? JH: O mais importante é reconhecer que a causa da guerra não é uma insurgência islâmica externa. A causa da guerra é que a maioria das pessoas em Cabo Delgado está a ficar cada vez mais pobre e a desigualdade está a aumentar. As pessoas em Cabo Delgado não estão a beneficiar do gás, dos rubis e dos outros minerais porque os oligarcas da FRELIMO basicamente apoderaram-se dessa riqueza. A insurgência islâmica diz que impor a Lei de Sharia traria mais igualdade. Primeiro, a FRELIMO tem de entender que não pode continuar a culpar forças externas quando as pessoas estão a juntar-se aos insurgentes porque veem o seu próprio Governo como inimigo. DW África: A população de Muidumbe, por exemplo, relata que os terroristas estão muito bem armados e preparados isso pode revelar que há um apoio muito grande. Não acha estranho que até hoje o Governo não saiba exatamente quem apoia esses indivíduos? JH: Lembro-me dos tempos da RENAMO, no começo [o Governo] dizia exatamente a mesma coisa, não sabemos quem está por trás deles para podermos negociar. E quando Chissano se tornou Presidente disse que queria negociar e mandou encontrar as pessoas para negociar. E se Nyusi estiver seriamente interessado em negociar, pode encontrar as pessoas [por t
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